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T0 - Daniel Ramalho

por Imaginauta, em 11.09.17

Três dias desde a angariação do imóvel até ao aperto de mão sobre o documento assinado que selou a venda. Um novo recorde pessoal para Carlos Rebelo. Um novo recorde de agência, na verdade. Pelo menos para uma moradia daquele valor. Diante do seu carro depois de fechado o negócio, Carlos observou o seu reflexo no vidro do lugar do condutor por mais tempo do que era costume. Encheu os pulmões de ar lentamente e ajustou a gravata amarela entre os indicadores e polegares. Sempre gostara daquela gravata. Fazia-lhe lembrar um ator num filme que viu uma vez. Já não se lembrava nem do filme nem do ator, mas fazia-o sentir-se como imaginava que o ator se sentira quando filmou aquela cena.

 Estalou o pescoço com um gesto rápido para a esquerda e a direita e tirou a chave do bolso. Não entrou logo. Demorou-se a admirar a sua fotografia profissional na janela lateral traseira. De braços cruzados, com um sorriso confiante e inspirador de confiança. Contemplou com satisfação as letras azuis que percorriam o comprimento da porta. Leu uma vez mais as duas palavras que reluziam ao Sol com especial fulgor naquela tarde. “Carlos Rebelo”. Sentou-se ao volante, ligou o rádio e saboreou o sucesso daquele dia por um último momento. Sabia que a sensação morreria antes de sair do carro. Nas notícias, não havia trânsito.

 Entrou na praceta onde vivia, abriu a porta da garagem e estacionou. Cumpriu o ritual de sempre que, como ele próprio, nasceu sem que soubesse bem porquê. Com ambas as mãos, apertou o volante com toda a força que tinha durante dez segundos. Depois relaxou os dedos e pousou a testa sobre os nós dos dedos. Mais dez segundos. O cansaço que pairava em círculos sobre a sua cabeça como um abutre onde quer que fosse desceu e pousou nos seus ombros. Era como um velho animal de estimação indesejado que se recusava a morrer. Acolheu-o com indiferença. Fechou a porta do carro sem olhar para trás e subiu pelas escadas até ao 3º Direito. Abriu a porta do T2 onde morava. O cheiro que o envolvia quando entrava dava-lhe sempre uma sensação de vertigem. E no entanto, se lhe perguntassem a que cheirava a casa, diria que não cheirava a nada.

 “Tranca a porta!”, ordenou Alberto Rebelo enquanto Carlos começava a fazer isso mesmo. A mesma ordem desnecessária todos os dias, sem falhar.

 “Já está, pai.”, respondeu Carlos, resignado. Dirigiu-se ao quarto de onde veio a voz. As garras do abutre crisparam-se.

 O Sol nunca entrava naquele quarto, mesmo em dias de Verão como aquele. As janelas do quarto do pai não eram para abrir. Nunca. Apenas uma das regras daquela divisão em particular. No total seriam tantas quanto os tomos que a debruavam a toda a volta. Talvez fosse dos livros que vinha o cheiro que lhe dava vertigens. Ou talvez fosse do seu pai. Ou talvez das regras. Não sabia. A única luz permitida no quarto vinha de um antigo candeeiro metálico que iluminava a secretária onde Alberto Rebelo se sentava a ler todos os dias. Carlos entrou no quarto. O seu pai continuou a folhear o livro, imperturbável.

 “Tudo bem, pai?”, disse Carlos enquanto tirava a gravata. “Hoje cheguei mais cedo.” Desfez o nó e deixou-a pender dos dedos como a língua de um animal morto.

 Não houve resposta. Apenas o som de outra página a ser virada.

 “O que está a ler hoje?”

 Pesadas pálpebras ergueram-se sobre os pequenos óculos quadrados e escrutinaram Carlos do outro lado da secretária de madeira escura. O olhar silencioso do seu pai sempre produzira nele a mesma sensação de pequenez e desespero. A sua maçã de Adão deu um pulo nervoso, profeticamente liberta do grilhão da gravata.

 “Nada que fosses capaz de perceber”, resmungou Alberto. “Tenho os pés inchados do calor. Vai buscar o alguidar.”

 Sem dizer uma palavra, Carlos dirigiu-se à cozinha e encheu um alguidar com água da torneira. Agarrou as abas com quanta força tinha. Dez segundos. De seguida, foi buscar uma esponja à casa de banho. Amarela, do mesmo tom que a gravata. A gravata... Onde estava a gravata? Tinha-a na mão ainda há pouco, não podia ter ficado na cozinha. Onde deixou ficar a gravata? O pensamento foi interrompido pelo seu nome a ecoar pela casa como um trovão. Com passos curtos para não entornar água no soalho de taco envernizado, voltou para o quarto.

 Alberto Rebelo fechou o livro, tossiu para um lenço de pano e, com infinita lentidão, manobrou a cadeira de rodas até ao sofá onde costumava deitar-se quando não estava a ler. Carlos sentou-se num pequeno banco e começou a molhar os pés do seu pai com a esponja.

 A água escorria pelos tornozelos raiados de veias. As têmporas de Carlos encheram-se de gotículas de suor, receoso. Por fim, encontrou a coragem para falar.

 “Pai, lembra-se daquela moradia no Estoril que angariei há três dias? Aquela com a zona comum envidraçada no piso superior? Vendi-a hoje. A comissão vai ser grande.”

 Alberto contraiu os lábios. As sombras das rugas projetadas no seu rosto pela luz do candeeiro da secretária pareceram ficar mais escuras.

 “Parabéns”, respondeu. A palavra pingava sarcasmo. “O teu irmão ligou ontem. Disse que o tumor da Dona Lurdes e operável. Já marcou a cirurgia e vai tirá-lo amanhã.”

 O escárnio na voz do seu pai escondia a desilusão como uma peneira.

 “Eu também sou bom no que faço, pai.” Só quando terminou a frase é que Carlos se apercebeu do quão efeminada lhe saíra a voz quando proferiu aquela infantilidade, quase como um miado.

 “Pois, eu sei que és bom a vender as casas dos outros. És bom agente imobiliário. E o que é que é preciso para se ser agente imobiliário? É preciso querer ser agente imobiliário. Tens um emprego que qualquer um pode ter desde que queira. Mas vais para o trabalho de fato. Parabéns.”

 Carlos espremeu a esponja. Continuou a espremê-la depois de expulsa a última gota até sentir as próprias unhas a afundarem-se na palma da mão.

 “Olha, eu também era bom no que fazia quando ainda andava.”, prosseguiu o seu pai no mesmo tom. “Era bom porque estudei para isso. Como o teu irmão. E tu, fizeste o quê? Andaste no café a beber cerveja e a jogar matraquilhos com os idiotas dos teus amigos quando devias ter estudado. Agora és um vendedor sem qualificações que ganha uns trocos mês sim mês não. E orgulhas-te disso, o que é ainda pior.”

 Carlos baixou a cabeça para o pai não lhe ver as lágrimas. Espremeu novamente a esponja e passou-a pelos pés ossudos.

 “Poupa-me das tuas histórias de sucesso, Carlos. Agora lava-me mas é os pés e cala-te. Tenho de sustentar-te mas não sou obrigado a ouvir-te.”

 No quarto apenas se ouvia água a escorrer e a respiração pesada de um velho. Mas o velho não dissera ainda tudo o que tinha a dizer. Recostou a cabeça para trás e concluiu com um lamento final.

 “A tua mãe sempre soube que não prestavas para nada. Não herdaste nada do que ela tinha de bom, e só não posso dizer o mesmo de mim porque me ficaste com o apelido.”

 Carlos nunca viria a compreender o que fora diferente naquele dia que o fez fazer aquilo que fez a seguir. Afinal, o pai sempre lhe falara assim. De um salto, levantou-se e mergulhou a esponja dentro da garganta do pai com tanta força que cortou as costas da mão nos seus dentes podres. Com a outra, tapou-lhe o nariz. O velho esbracejava e fazia estranhos sons, como se estivesse a soluçar. Carlos fitava-o sem expressão. Pouco a pouco, os braços do seu pai foram perdendo as forças, como um maestro que se aproxima do fim de uma peça. Momentos depois, a luta terminou. Carlos retirou a esponja da boca do pai e aproximou um ouvido da sua boca para confirmar que estava morto. Com o seu último fôlego, Alberto Rebelo, reputado professor catedrático de Neurologia, sussurrou uma última palavra, um chamamento repetido até ao seu derradeiro batimento cardíaco: “Luís… Luís… Luís…”

 Luís Rebelo, cirurgião cardiotorácico. Filho primogénito. Orgulho do seu pai.

 Na manhã seguinte, o Sol reluzia novamente na porta do carro sobre o nome “Carlos Rebelo”, agente imobiliário, enquanto este conduzia na autoestrada com o corpo do seu pai sentado no banco ao seu lado. Seguia para Norte, em direção a um local a poucos quilómetros da aldeia de Pé da Fonte, um pouco antes do Minho. Anos atrás tinha ido lá ao funeral de um tio-avô que só tinha visto uma vez e perdeu-se pelo caminho. Acabou por ir parar a uma estrada abandonada que levava a uma ponte velha e, logo a seguir, a um pântano que ficava longe de qualquer forma de civilização.

 Encontrou o sítio sem dificuldades apesar de ter estado absorto nos seus pensamentos durante toda a viagem. Só descobriu que estivera quatro horas e meia a conduzir quando olhou para o relógio. Parou diante do pântano e travou o carro. O chão tinha um ligeiro declive e a vegetação circundante era rasa. Sentiu-se subitamente nauseado. A familiar sensação e vertigem voltara. Apercebeu-se de que o cheiro no carro era agora o mesmo que permeava cada recanto da sua casa. A cabeça do seu pai tombara para a esquerda com os solavancos. Mesmo de pálpebras fechadas para sempre, parecia julgá-lo.

 Carlos sentia-se aliviado como nunca se tinha sentido, apesar do incómodo visceral causado pelo odor. O pai finalmente estava morto. E dali a pouco os seus pés lavados estariam a apodrecer com o resto do seu corpo num pântano no meio de lado nenhum.

  Imaginou a satisfação de ver o seu pai afundar-se no limo diante de si. Sabia que o momento marcaria o início de uma nova etapa da sua vida. Pela primeira vez seria livre. Ansioso, puxou o manípulo para abrir a porta do carro.

 Mas a porta não abriu.

 Puxou com mais força, mas a porta continuou fechada. O seu pai continuava a fitá-lo. Com uma mão apoiada no osso da perna magra do cadáver, tentou abrir a porta do outro lado. Inútil. Parecia estar soldada. Os vidros também não abriam. Talvez fosse pelo facto de o carro estar desligado, pensou. Tentou ligar o motor. Girou a chave na ignição várias vezes. Silêncio. Tentou abrir as portas traseiras. Trancadas. Um sentimento de pânico começou a invadi-lo. O calor dentro do carro tornou-se subitamente insuportável. Tirou o casaco do fato, mas mesmo assim parecia não conseguir mexer-se. Sentia na cara o calor do próprio hálito. Ofegante, enrolou o casaco no braço e bateu no vidro com quanta força tinha. Era como tentar partir aço. Tentou em vão mais algumas vezes até que, frustrado, atirou com o casaco para o banco traseiro. Quando o fez, uma gravata amarela voou do bolso interior e caiu no travão de mão. Nas horas seguintes, tentou partir o vidro dianteiro com pontapés, com os cotovelos, com murros, sem qualquer efeito. Chegou mesmo a usar a testa do seu pai como aríete contra o vidro. Finalmente, resignou-se à necessidade de chamar ajuda, ainda que isso significasse revelar o seu crime e ser preso. Naquele momento faria tudo para sair dali. Não tinha ninguém a quem telefonar exceto a polícia. Pegou no telemóvel. Desligado. Não era possível, tinha a bateria completamente carregada quando saiu de casa. E no entanto, era impossível ligá-lo. 

 Os seus gritos embaciaram os vidros, e só de forma difusa conseguia agora ver a cor glauca do pântano diante de si. As horas passaram e a noite caiu. Contudo, o calor não diminuiu, e o pó que saiu dos estofos durante a sua luta para sair continuava a impregnar o ar e enchia-lhe o peito sempre que inspirava. O cheiro que emanava do seu pai parecia entrar-lhe na própria mente, no lugar secreto das memórias horríveis que dentro do túmulo em que se tornou aquele carro voavam livres como demónios desencarcerados e torturavam-no com a força de anos de abuso a cada segundo que passava. Quando a noite o envolveu, pousou a cabeça no colo do seu pai e começou a chorar como uma criança perdida. Mas dos olhos não lhe saíam lágrimas.

 Acordou na manhã seguinte com a canção de pássaros que não conseguia ver através dos vidros embaciados. Desta vez não descobriu o abutre pousado nos seus ombros. Via-lhe o vulto do lado de fora, pousado no capô, à espera. Quanto tempo esperaria até que morresse de fome? Ou de sede? A imagem do que teria de comer dentro do carro para sobreviver passou-lhe diante dos olhos. Olhou para o crânio rachado do seu pai e viu o líquido vermelho-esbranquiçado que escorreu da fenda que abriu quando o esmagou contra a janela. Levou uma mão à boca para conter a vontade quase insuportável de vomitar.

 E foi então que reparou que não tinha fome nem sede. Não estava fisicamente cansado. Não tinha vontade de ir à casa de banho, apesar de se ter passado quase um dia inteiro desde que ficara aprisionado. Não se sentia sujo nem transpirado. Estudou com atenção as costas da mão com que tinha enfiado a esponja na boca do pai e procurou as feridas causadas pelos dentes. Não estavam lá. Ainda de mão erguida, Carlos apercebeu-se de que o seu corpo já não projetava sombra. Testou a luz do Sol de vários ângulos e confirmou que era verdade. A única sombra no carro era agora a do cadáver do seu pai, que cobria parcialmente as suas pernas. Carlos encostou-se no banco do condutor e sentiu-se paralisado. O tempo abandonara-o, e levara consigo a sombra e a morte.

 Nas semanas que se seguiram, o corpo de Alberto Rebelo mudou de cor e o cheiro da podridão começou a causar espasmos constantes a Carlos. Tentou vomitar várias vezes, mas nada era expulso do seu estômago. Chorava, mas de olhos sempre secos. A fome, a sede, a luz e a dor física não lhe tocavam. Ao longo dos meses tentou suicidar-se de todas as formas que conseguiu conceber com os instrumentos que encontrou naquele espaço exíguo. Não tinha espaço para se enforcar com a gravata, por mais que tentasse. Os fragmentos contundentes que conseguiu fabricar com os plásticos do interior do carro não lhe furavam a pele. Tentou sem sucesso sufocar-se com o telemóvel. Na sua busca de formas de morrer, descobriu que por algum motivo desconhecido o isqueiro do carro ainda funcionava. Pressionou o pequeno ponto incandescente contra o peito, os pulsos e os olhos, mas arrefecia sempre antes de lhe causar qualquer mal. Somente passado mais de um ano aceitou que tirar a sua própria vida estava tão fora do seu alcance quando devolvê-la ao corpo morto com que a partilhava.

 Dois anos depois, Carlos já se tinha esquecido de como se falava. Dormia todas as noites ao colo do que restava do seu pai, balbuciava durante horas, dormia novamente, acordava, e esperava por nada. Sonhava muitas vezes com a moradia do Estoril – a última que tinha vendido. Via-se lá a chapinhar na piscina ou a receber amigos na zona comum envidraçada no piso superior. Outras vezes, sonhava apenas que estava em casa. Não sabia de onde vinha qualquer uma dessas memórias. Seriam realmente memórias? Não conseguia lembrar-se se alguma vez tinha vivido fora daquele carro. O mundo exterior não era mais do que a luz fosca que penetrava o vidro sujo. O mundo real, o verdadeiro mundo exterior, a totalidade do universo era o interior do seu carro.

 Quatro anos.

 Carlos vivia nu no carro. Há muito que mastigara a sua roupa. Passava grande parte dos dias a mastigar coisas, em especial partes do carro. O volante, os estofos, os plásticos. Não era capaz de engolir e não tinha fome desde o dia em que matou o seu pai, mas a sensação de mastigar fazia-o sentir-se bem. Às vezes mastigava partes do corpo do seu pai. Outras, mastigava as próprias mãos.

 Um dia, numa tarde de Sol abrasador em que a temperatura do carro teria matado qualquer outro humano, enquanto brincava com o isqueiro do carro, Carlos queimou a perna mumificada do seu pai e o cheiro excitou algo dentro de si. Deu uma dentada no pedaço de pele cozinhado e sentiu algo que não sentia há muito tempo. Sentiu prazer. Sofregamente, começou a queimar e a mastigar o fino tecido cutâneo que cobria o esqueleto esverdeado. No transe em que estava não percebeu imediatamente que o que sobrou da roupa que cobria o cadáver estava agora a arder. Quando viu as chamas, Carlos cuspiu os pedaços ensalivados de pele do seu pai que lhe enchiam a boca e começou a saltar simiescamente enquanto tentava apagar o fogo como um animal enlouquecido. O universo encheu-se de fumo. As suas mãos não se queimavam, mas o fogo não parava de crescer, e no espaço de poucos minutos tudo no interior do carro ardia. Tudo menos Carlos.

 Envolto por chamas que não lhe tocavam, Carlos começou então a rir loucamente. Uma parte entorpecida da sua mente compreendeu que a liberdade estava a caminho. A sua prisão ardia, a luz da esperança que apodrecera com o seu pai reacendeu-se. Algo semelhante à lucidez devolveu-o a si próprio. O seu riso troou entre as labaredas. Os seus grunhidos extáticos quase se assemelhavam a palavras. O sonho do exterior em breve tornar-se-ia realidade. O exterior existia. O exterior era verdade e estava a caminho.

 De súbito, algo que Carlos julgou ser impossível aconteceu: o carro começou a mover-se.

 As rodas do carro incandescente, há muito presas na lama e detritos, rodaram. Primeiro devagar, depois mais rápido, em direção ao pântano. A pele seca de Alberto ardia violentamente. Dilatada pelo calor, a sua mandíbula abriu-se e caiu. As rodas dianteiras do carro entraram no pântano. Carlos gritou como nunca antes tinha gritado. Gritou ininterruptamente como quem não precisa de respirar. A água inundou o piso do carro e começou a apagar as chamas. Carlos ainda gritava o mesmo grito, de pulmões infinitamente cheios de ar e dor. Antes de ser envolvido pelo pântano, pareceu-lhe ouvir o som da voz do seu pai a sair do crânio desfeito que o fitava de lado, ainda em chamas.

 “Luís…”

 A água lamacenta engoliu o carro. Já não havia fogo. O abutre estava morto, afogado. Já não havia calor, nem vidros embaciados, nem cheiro, nem vertigem. Tudo o que existia era escuridão. Todo o universo era água, lama e escuridão. E no seu centro, sentado no lugar do condutor, no fundo do pântano, Carlos Rebelo. Agente imobiliário.

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publicado às 18:20


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